domingo, 27 de junho de 2010

Reflexões Cotidianas: Vestibular

Eu sempre fui contra o vestibular, mesmo quando não estava estudando para passar nele no final do ano, mas agora que é só disso que eu vivo, é claro que eu sou mais contra ainda. A verdade é que eu acho um método muito injusto. E não digo isso só porque eu pessoalmente estou tendo dificuldades enormes para estudar, pois acho que mesmo depois que eu passar eu vou continuar achando que é um método injusto e inadequado.
Uma prova ou algumas (no caso dos vestibulares que tem duas fases) devem supostamente mostrar para um grupo de examinadores que você está preparado para entrar na faculdade. Mas honestamente, não acredito mesmo que isto mostre muita coisa. Uma prova, um dia, um branco, uma falta de concentração, um problema pessoal... Qualquer coisa pode te atrapalhar nesse momento e você será enormemente prejudicado. E quem disse que eu não estou pronta para a faculdade?
Que fique bem claro que não sou contra a existência de algum método, porque acredito sim que é necessária uma carga de conhecimento prévio antes de entrar em qualquer curso superior e que isto deve ser considerado, mas provas não dizem nada.
Aliás, até o termo é horrível. Prova. Você precisa provar para alguém que pode estar lá dentro. É terrível! Uma pessoa é muito mais do que ela pode expressar com algumas respostas e uma redação. Cada pessoa tem tanta coisa para oferecer! Coisas que estas provas não avaliam e que muitas vezes podem ser até mais relevantes do que todos os conhecimentos que nos exigem.

Bom, é claro que este texto não vai a lugar algum. Acontece que estou estudando enlouquecidamente há alguns dias e isso é quase que um desabafo. É claro que eu estou muito mais encomodada com isso do que eu estaria se já tivesse passado no vestibular, mas, mais uma vez, eu insisto: eu realmente não acho que seja um bom método seletivo.
Não tenho propostas e não sou adepta de sorteios, como uma professora minha uma vez disse ser, mas sou contra as provas, o que, infelizmente, é o que temos.
Apesar de todas as críticas, vejo nitidamente que é difícil empregar outro meio para os fins do vestibular, portanto o que me resta agora é aceitar e seguir em frente.
Veremos no que isto vai dar e me desejem boa sorte.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Monografia - Crianças em estado terminal: Educação para a morte

O texto que estou postando hoje é a introdução da monografia que eu fiz no ano passado, 2009, como projeto de conclusão de curso do Ensino Médio, no Colégio Equipe. O trabalho aborda a questão das crianças com doenças terminais e como elas, suas famílias, a sociedade e o hospital lidam com isso. Aqui vai apenas a introdução porque achei que era o pedaço que cabia ser postado fora do contexto geral do trabalho, se houver algum interesse eu posso postar o resto dela aos poucos.

_____________________________

ENSINA-ME A MORRER
Crianças em estado terminal: Educação para a morte
Uma criança, em seu quarto à noite, vê uma sombra medonha na janela, algo que ela não sabe o que é. Por não saber, ela começa a imaginar criaturas terríveis, verdadeiros monstros, e fica apavorada. Porém, quando esta criança cria coragem e vai verificar o que há atrás da janela, ela vê uma árvore com muitos galhos, porém inofensiva. O fato de ver a árvore a conforta, a tranquiliza e dispersa o medo.
O que quero dizer com esta metáfora é que não ter conhecimento sobre o que é a morte - devido à falta de informação a este respeito - contribui para o medo que existe em volta dela, o medo do que não sabemos explicar. Entender a morte é necessário para que possamos compreender nossa existência na condição de seres finitos, pois a morte faz parte da vida.
Considero importante citar que o histórico de nossa sociedade ocidental e cristã contribui fortemente em nossas atuais concepções, ou seja, nossa herança cultural define nossa visão de morte. Numa fala breve sobre isto, anteriormente tinha-se uma idéia de que se podia controlar a morte magicamente, o que facilitava sua integração psicológica, aproximando o homem da morte com menos terror. Na Idade Média ocorreram diversos eventos causadores da morte em massa [Ver "Um estudo teórico da morte"], o que quebrou esta visão do controle mágico e o homem passou a viver tendo a morte como uma constante ameaça, que poderia pegá-lo de surpresa. Esse súbito descontrole em relação à morte pode ser uma explicação para o surgimento de temores.
Assim, conteúdos negativos, perversos e macabros passam a ser relacionados à morte, tais como torturas e flagelos, o que provoca um estranhamento do homem em relação a isto.
A morte é vista como castigo ou punição e está ligada a uma ação má, a um acontecimento medonho [Ver "Sobre a morte e o morrer", Elizabeth Kubler-Ross]. Para lidar com este acontecimento visto como desconhecido e negativo, o homem cria mecanismos de defesa, dentre eles, fantasias. As fantasias podem ser boas ou ruins, sendo as boas, fantasias de que exista uma vida após a morte, num mundo paradisíaco, sem sofrimento e as ruins, fantasias que ligam a morte ao inferno, com figuras diabólicas, pavores de aniquilamento, desintegração e dissolução, que estão relacionados aos sentimentos de culpa e remorso inerentes à nossa herança cultural cristã. Estas fantasias criadas para uma defesa psicológica do mistério que é a morte são uma espécie de negação da morte.
Cada vez mais os produtos antiidade são procurados e a função do hospital como defensor da morte vem aumentando, o que comprova a tentativa de evitar e negar a morte. Coloca-se tudo nas mãos dos médicos e das tecnologias que cada vez mais criam meios de prolongar a longevidade. Procura-se ter boa saúde física, se alimentando bem e se exercitando, evitando lugares perigosos, entre outras coisas, a fim de afastar a morte.
Além de afastar a morte em si, as pessoas em geral tentam evitar até mesmo falar sobre a morte, como se apenas falar sobre o assunto trouxesse uma espécie de azar que poderia atrair algum evento fatídico. Este medo, esta renúncia em falar sobre a morte está muito relacionada à forma como ela é vista, é claro, mas também está relacionada à grande tristeza que caminha junto com o tema. A morte está relacionada à ausência, à perda, à separação. Quando algum ente querido morre, a sensação que invade a maioria das pessoas é a de tristeza, pois aquela pessoa que está partindo nunca mais será vista, nunca mais contará uma história, nunca mais vai dar um abraço ou um beijo, nunca mais estará, de fato, presente conosco. O que acontecerá com ela é desconhecido e, por seu mistério, nos dá medo.
Devido às concepções da sociedade e à relação com a tristeza, a morte é um assunto pesaroso e as pessoas procuram não falar dela. Além disso, falar sobre a morte é desagradável, pois entramos em contato com as nossas próprias limitações enquanto seres humanos e entrar em contato com estas limitações é entrar em contato com nossas impotências. Atualmente existe uma grande necessidade de se falar sobre a morte, justamente ela existência de "tabus" a seu respeito que devem ser quebrados. Além disso, a morte está presente, querendo nós ou não, na nossa sociedade, no nosso cotidiano. Está na televisão, nos jornais, na casa do vizinho, na novela, nas guerras, na nossa própria casa, enfim, em todo lugar.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Ensaio: É necessário?

Este é um ensaio (ou dissertação) que fiz na oficina de redação do cursinho, minha nota foi 7,0. O texto ainda precisa melhorar muito, mas queria postar alguma coisa e não tinha nenhum outro texto legal pronto.
_________________


Vivemos numa sociedade controlada. Todos os indivíduos são obrigados a ter pelo menos um número de identificação - o RG -, mas muitas vezes vários outros documentos se fazem necessários, como o CPF, o passaporte, o título eleitoral, a carteira de habilitação, entre outros, sem os quais a pessoa fica impossibilitada de realizar certas ações. Além disso, somos constantemente vigiados e controlados por câmeras de segurança, catracas, etc.
Tudo isso traz à tona uma grande questão: tanto controle é mesmo necessário? É inegável a crescente violência nas grandes cidades, o que explica o aumento na preocupação com a segurança, mas será que uma catraca impede um assalto?
Recentemente, com o ataque fracassado de um carro-bomba, programado para explodir num local de grande circulação de pessoas, tivemos uma demonstração de um benefício das câmeras espalhadas pelas cidades, mas isso não significa que elas sejam realmente eficientes no combate à violência, principalmente porque, em muitos lugares, as câmeras existem simplesmente pela pressão que exercem sobre os indivíduos para que eles, ao saberem que estão sendo filmados - ou acharem que estão sendo -, não cometam algum tipo de infração, ou seja, esse grande esquema de segurança não é tão seguro assim, pois os criminosos podem burlá-lo com facilidade.
Todo esse controle com a justificativa clássica: "é para o bem da sociedade". Mas uma sociedade reprimida e controlada é o que se imagina como a sociedade ideal? Indivíduos reprimidos tendem a sufocar de tanta repressão, o que pode levá-los, num surto, a ameaçar ainda mais a segurança do que aqueles que puderam viver mais livres.
Assim, chegamos a um ponto crítico. O medo da violência leva ao aumento do controle, que pode levar a surtos que geram ainda mais violência, ou seja, por essa lógica, estaríamos vivendo num ciclo perigosamente vicioso, que não leva a lugar nenhum, ou melhor, leva exatamente para onde tentamos não ir.

sábado, 19 de junho de 2010

Reflexões Cotidianas: Nacionalismo à flor da pele

Dado o sinal, todos saem às ruas, dirigindo-se eufóricos e apressados para seus carros, táxis, terminais de ônibus ou de metrô, já tirando uma blusa no caminho ou colocando outra por cima dos agasalhos.

Andar pelas ruas de São Paulo no dia da estréia do Brasil na Copa do Mundo de Futebol é uma experiência e tanto. Enquanto caminhava pela Rua da Consolação e Av. Paulista, observava os pontos verde e amarelo surgindo um a um. Todas as raças, todas as classes e todas as idades estavam representadas ali, naquelas pessoas vestindo a camisa do Brasil com chapéus, óculos, brincos, perucas e cachecóis verde e amarelo. E o mais incrível é que esse fenômeno provavelmente acontecia simultaneamente em todas as cidades do país. A sensação era a de feriado nacional, como muitos disseram.

Até mesmo aqueles que não gostam de futebol pararam seu dia por algumas horas naquela terça-feira para assistir ao jogo, mesmo que a porção de batata frita na mesa ou a conversa com um amigo estivesse mais interessante que o jogo para aquela pessoa, mas ela estava lá. Os bancos e as escolas fecharam, estavam todos comemorando a vitória antes mesmo do jogo começar.

No final, o jogo não ocorreu como a maioria das pessoas esperava, mas na realidade, o que mais importava para a maioria dos brasileiros era comemorar, era deixar um pouco de lado as críticas que fazemos o tempo inteiro para torcer um pouco pela nossa seleção, para aderir ao espírito nacionalista.

Acabou o jogo com dois gols do Brasil e um da Coréia do Norte (e eu ganhei o bolão).



Amanhã tem outro jogo, veremos se me rende outro texto!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Crônica: "Três Palavras"


Eu nunca soube falar direito sobre amor, me expressar quanto a este sentimento. Nunca consegui dizer naturalmente que amava meus pais ou meus amigos, nunca consegui chamar ninguém de "amor" pessoalmente. Simplesmente não era natural.

Naquele dia, eu me encontrava num dilema. Eu esta ali, olhando para os olhos dele, sentindo sua mão afagar minha nuca, me desmanchando em seu sorriso maravilhoso, quando percebi que eu precisava dizer. Eu sentia que as palavras estavam na minha garganta, borbulhando de vontade de sair, de vir ao mundo e fazer uma grande festa.

Há algum tempo atrás ele já tinha me dito aquelas três palavras que tinham um poder quase mágico sobre a maioria das mulheres. Pra mim tinha sido um choque, claro, principalmente porque não consegui responder. Naquele dia eu não tinha deixado meus pensamentos e sentimentos amadurecerem o suficiente para saber do que se tratava, mas agora eu sabia.

Era amor, tinha que ser amor. Esse tal amor que todos falam, que todos querem, sonham, sofrem por ele! Era isso que eu estava sentindo. Era isso que me fazia sentir o coração pular quando ele chegava, depois de passar uma noite inteira mal dormida de ansiedade porque ia vê-lo. Era isso que me deixava distraída em casa quando estávamos distantes e eu só conseguia pensar nele. Era isso que era o amor. Nada de ouvir sininhos quando nos beijávamos nem nada assim, era simplesmente o desejo, o carinho, a atenção, a adoração que eu sentia por ele. Ele era o meu amor e eu precisava dizer isso, mas como, se as palavras tinham-se fixado na ponta da minha língua e cismavam em dificultar as coisas?

Pensei em cada detalhe dele que eu gostava tanto. A aparência angelical, o jeito carinhoso, a risada divertida, a atenção mais que especial, o abraço aconchegante... Era óbvio que eu o amava. Olhei fixamente em seus olhos, com certeza com a expressão mais boba que eu já fiz na vida. Sorri levemente e ele me retribuiu, com o olhar confuso, querendo entender o que acontecia. Levei minha mão até a dele, a afaguei de leve e fiz um esforço para deixar as palavras saírem. Nada.

A frustração me dominou. Como eu não conseguia falar três simples palavras sabendo que era realmente aquilo que eu sentia? Vai ver aquelas palavras não eram tão simples assim. Vai ver todo o valor e o sentido que elas carregavam estavam pesando na minha língua, impedindo-as de sair.

Ele percebeu minha frustração, me olhou mais de perto, fez um carinho no meu rosto, sorriu e me deu um beijo na testa.

- O que foi? - perguntou.

- Eu te amo. - respondi, sorrindo como uma criança quando ganha chocolate.
Imagem: Google.