quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Sobre preconceitos

Considero totalmente adequado estabelecer uma relação entre o nazismo e os crimes homofóbicos que infelizmente continuam ocorrendo o tempo inteiro, o que deixa claro a minha visão radical sobre o assunto. A liberdade de credo, a liberdade sexual e a liberdade de expressão do indivíduo devem ser respeitadas acima de qualquer coisa, mas não é isso que acontece no mundo, de forma geral.



Dentro do contexto em que vivemos - em sociedade, eu digo -, precisamos estabelecer limites entre o nosso próprio direito à todas as liberdades e o direito do outro. Não podemos simplesmente nos manifestar de maneira ofensiva à outros indivíduos, tentando impor nosso modo de pensar sem pensar no resto. Todos têm o direito de ser contra determinada religião, por exemplo, mas ao manifestarmos nossas opiniões não podemos invadir o direito daqueles que crêem na tal religião e assim deve ser para qualquer outro tipo de preferência pessoal.


É inaceitável que nos dias atuais ainda tenhamos números tão altos de assassinatos e crimes movidos por preconceito e, agora, me refiro ainda mais especificamente aos crimes homofóbicos, pois este é um assunto que têm sido discutido nos últimos dias.


Não penso que todos sejam obrigados a entender as diversas opções sexuais, mas acho que todos devem saber aceitar e respeitar a diferença. O preconceito, seja ele qual for, é totalmente inaceitável. Num país com tanta diversidade étnica, religiosa e cultural como o Brasil, me choca muito ainda haver tanto preconceito, esse preconceito nojento enraizado nas nossas cabeças - sim, coloco esse plural aqui pra deixar claro que eu também posso ter meus preconceitos, por mais que seja totalmente contra isso e deteste -, que vai desde o preconceito racial, sexual, religioso e social até preconceitos que nem pensamos que existem (por exemplo o preconceito contra pessoas muito magras, que eu posso afirmar que existe SIM).


Mas o mais assustador de tudo é pensar que tem pessoas que agridem outras pessoas em função desse preconceito. Por mais que eu ache asqueroso e queira xingar um homofóbico, eu nunca vou fazer isso, nunca vou agredir fisicamente alguém só porque esta pessoa pensa de maneira diferente da minha ou vive de forma contrária às minhas convicções pessoais ou religiosas. Saber que homossexuais são agredidos e assassinados diariamente apenas por serem homossexuais, sem terem nem ao menos provocado alguma coisa, é totalmente assustador.


Pior do que isso, é ver que quando finalmente tomam uma atitude minimamente decente e tentam criminalizar oficialmente a homofobia, aparece alguém contrário a isso. Como alguém consegue se dizer claramente contra a Lei da Homofobia e ainda se orgulhar disso? E dizer que essa lei vai contra a liberdade de expressão? CONTRA A LIBERDADE DE EXPRESSÃO? Desculpa, mas que liberdade é essa? De poder xingar gays na rua, chutá-los ou coisa pior? ISSO É LIBERDADE DE EXPRESSÃO? Ensinar nas aulas de religião que é pecado e que homossexuais são uma aberração... isso é liberdade de expressão?


Ninguém é obrigado a ser a favor da homossexualidade, mas todos precisam saber respeitar isso. É um absurdo o que vêm acontecendo e é um absurdo maior ainda a existência de pessoas a favor da homofobia ou do preconceito racial ou de qualquer outro.


Cada pessoa tem o direito de viver do jeito que lhe convém, de acreditar no que quiser e de expor suas opiniões, o que não pode é achar que a sua opinião é melhor do que as demais e que por isso você pode desrespeitar a opinião alheia.

sábado, 13 de novembro de 2010

Você tem alfinete?

Texto publicado na última edição da Revista Oriente. Resolvi postá-lo aqui (com todos os créditos à revista e à autora, claro!) porque me diverti muito com ele, achei muito real e dei bastante risada. Pra quem não dança e não passou por isso, tentem imaginar a situação! hahahaha


Se você nasceu, assim como eu, nos anos 80, teve a grande oportunidade (apesar de nenhuma lembrança) de usar fraldas de pano, presas com alfinetes. Alfinetes pratas, douradinhos, com cabeças coloridas ou de plástico. Alguns com formatos divertidos como joaninhas, passarinhos, etc. Muito conveniente para nós, bebês, mas acredito que muitas mães alfinetaram seus preciosos dedinhos durante as trocas de fralda. Com o passar dos anos, as fraldas descartáveis ficaram mais populares e baratas, o que deu fim (parcialmente) às fraldinhas com alfinetes.
E como aqui na Terra se faz e se paga, uma hora sempre chega o TROCO! Você cresceu “virou mocinha” (quem viveu no interior, conhece bem esta expressão, a de “virar mocinha”), e começou a dançar! Na sua primeira apresentação, a roupa foi comprada e/ou emprestada, toda arrumadinha, limpinha! Você foi prová-la e sentiu-se uma belezura! Chegou então o dia do show! E vem alguém e te diz: “você já colocou alfinete?” e você faz cara de paisagem (sim, porque a gente não assusta com essa pergunta, a gente acha que foi engano... Por isso a cara de paisagem!).
“SIM, VOCÊ PRECISA COLOCAR ALFINETE PARA SEGURAR FIRME O CINTURÃO NA SAIA, CASO CONTRÁRIO, O CINTO SAI GIRANDO PARA UM LADO E VOCÊ PARA OUTRO!”
A cara de paisagem se torna de espanto e você, rapidamente, aplica dois alfinetes na parte interna do figurino, um na frente e outro atrás. Com o tempo, você aprimora os movimentos, a força física, e vai aumentando o número de alfinetes no cinturão: adiciona um a mais, em cada lateral do cinto, para que ele não levante voo durante as batidas laterais. A esta altura, você e os alfinetes já estão muito, mas muito íntimos.
Quando a apresentação se torna um show inteiro e você precisa manter o figurino em ordem e seguro por 60 minutos, o alfinete é promovido! Ele não só atua no cinturão, mas também reforçando o fecho da parte de cima do figurino, no busto.
Nesta fase do relacionamento, eles (os alfinetes) já possuem caixinha própria, somam um total de 20 (entre grandes e pequenos), e você compreende a importância da segurança numa vida a dois! Ele passa a ser indispensável e seus figurinos ficam visivelmente esburacados.
Os dedos? Ficam alfinetados!
São casos de distração, nervosismo, pressa ou simplesmente acaso! Quando você menos espera o dedo está com uma bolinha de sangue. Você chupa o sangue aparente (e agora, talvez lembre-se da mamãe), coloca um band-aid (ou não) e entra no palco feliz e contente!
O que é uma bolinha de sangue perto do “showzão” que você está prestes a fazer?


Escrito por Esmeralda na Revista Oriente.

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