terça-feira, 5 de junho de 2012

Lembranças de um tempo bom

Estou em processo de mudança de casa. Começando a mexer em alguma coisa por aqui, eis que encontro uma gaveta na qual estava guardado um papel dobrado, impresso com letra roxa, com o seguinte texto que irei transcrever aqui (porque acredito que ele baste para o que eu quero dizer).


"Registro Final - Projeto Mudando a História
2º semestre de 2008



Resolvi escrever sobre todo o meu tempo de projeto - um semestre. Foi uma experiência incrivelmente... reveladora, por assim dizer. Não sei exatamente quais palavras usar, mas sei que este projeto provocou mudanças em mim. 
Sempre gostei muito de ler, é claro, mas nunca tinha parado pra pensar na real importância do ato de ler. E do ato de ler para outros, de transmitir oralmente e através de gestos e expressões uma história a uma criança, no nosso caso.
Passei por muitos momentos gostosos ao longo desse semestre e me peguei sorrindo várias vezes ao ver uma criança - de DOIS anos, dois! - mediando para outra uma história que eu tinha acabado de mediar para elas e interpretando as imagens de acordo com o que sua imaginação dizia. Me peguei sorrindo ao perceber os olhinhos atentos e cheios de curiosidade e encanto enquanto eu mediava livros como "A bruxa Salomé", que geralmente eles não prestam muita atenção por ficar muito tempo parado na mesma página. Sorri ao me despedir deles e não conseguir andar, porque eles se agarravam na minha perna e sorri de novo ao descer as escadas de mãos dadas, mal conseguindo me equilibrar com os livros na mão, cantando músicas com as educadoras.
Eu pude perceber como a atividade que executamos na creche realmente fez, está fazendo e ainda fará diferença na vida daquelas crianças e como o contato com o livro desde muito pequena, para mim, foi fundamental, pois tenho inúmeras lembranças de momentos com livros e de livros específicos que fizeram de mim o que sou hoje.
Transformar um livro em encenação - O Grúfalo - foi, no mínimo, interessante. Pude observar, no meu cantinho embaixo da mesa  a toca da raposa - os rostinhos encantados fixos em quem falava, observando atentamente e de vez em quando desviando para olhar para outro personagem. Algumas crianças - as mais novas - se assustaram um pouco e choraram, mas o mais legal de tudo foi ver, no final, o alívio delas ao nos reconhecer, o que para mim significou que somos fonte de confiança para eles, de alguma forma.
Foi absurdamente fofo o que as educadoras e as crianças fizeram para a gente, os cartazes, que eu tenho vontade de mandar emoldurar e colocar na parede do meu quarto! É muito bom saber que eles nos tratam com o mesmo carinho que nós vamos lá todas as semanas.
Com este semestre riquíssimo de projeto, a vontade que fica dentro de mim é de levar tudo isto para outros lugares, para outras crianças, para todo mundo! O que eu posso fazer no momento, eu faço, que é levar livros bacanas para o meu sobrinho. Mas eu tenho uma vontade forte de levar isto para outras crianças, algumas que nunca tiveram contato verdadeiro com um livro. Quando comecei o projeto, ficou muito claro para mim que ali já tinha um trabalho executado. As crianças de lá já tem o gosto pelo livro, já conhecem. É claro que nunca é demais, mas às vezes eu penso nas outras crianças que não tiveram esse contato e que deveriam ter. É meio que sonhar alto demais querer levar isso para todo mundo, porque eu tenho um pé na realidade e sei que não é uma coisa nem um pouco simples. Mas enfim, é só uma vontade que eu imagino que vocês compreendam e compartilhem comido (apesar de não querer absolutamente deixar as crianças da creche)."




Fica então para hoje esse meu relato, que me fez perceber como as coisas que eu já fiz na vida fizeram de mim quem eu sou hoje e me fizeram perceber que eu preciso voltar a fazer estes relatórios... Quem sabe não aparece por aí um relatório da tutoria do Pólen ou das visitas do Terapia Cão Carinho... :)




Post dedicado especialmente a todas as pessoas incríveis que vivenciaram estes momentos comigo e que fizeram do Mudando a História ser uma realidade para mim e para muita gente.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Terapia Cão Carinho

Como sempre que resolvo voltar a escrever tenho mil coisas para falar, não vou pensar duas vezes antes de começar a falar de uma das coisas que mais tem movido meus dias atualmente: AAA, TAA e EAA. 
Antes de mais nada, uma boa pergunta a ser respondida: o que significam essas siglas? Elas significam Atividade Assistida por Animais, Terapia Assistida por Animais e Educação Assistida por Animais.

Quando eu comecei a fazer dança-do-ventre, uma das minhas colegas de turma, que na época estava cursando Psicologia, participava de um grupo de AAA/TAA/EAA. Sempre via fotos dela com os cachorros e com idosos ou crianças, fazendo brincadeiras, comemorando datas importantes, etc e sempre achei muito interessante, mas nunca fui muito atrás para saber o que era.
No começo desse ano, eu tive um momento (sou movida à momentos, como podem perceber). Eu estava muito triste, com uma daquelas tristezas que nem a melhor notícia do mundo é capaz de melhorar, chorando muito e completamente desanimada para tudo, mal conseguindo ficar na sala para assistir aula, tamanha era minha falta de concentração. No meio dessa minha tristeza toda, estava andando pela casa quando me deparo com a minha cachorra, Nina, sentada no meio do meu caminho me olhando sorridente. Foi uma questão de instantes para eu começar a sorrir e me abaixar para fazer carinho nela.
Assim, depois dessa experiência pessoal, resolvi me informar mais sobre as atividades com cães que eu sempre via no Facebook da menina que fazia dança comigo. Procurando pelas opções dela, achei a página de um grupo que já me cativou pelo nome: Terapia Cão Carinho. Entrei no site do projeto, fiz minha inscrição e acabei esquecendo de tudo isso, até que um dia recebi um e-mail com data para uma reunião de Novos Voluntários. A partir desse dia, tudo mudou.
Fui na reunião, conheci o projeto, as pessoas e os cães incríveis que fazem ele acontecer, vi os projetos, as idéias, a dinâmica... Fiquei encantada. Comecei a falar para todos ao meu redor, a divulgar, não conseguia (e ainda não consigo) passar um dia sequer sem procurar mais informações a respeito... E foi assim que eu entrei nesse universo.
Agora quem estiver lendo esse post pode estar se perguntando que diabos é tudo isso que até agora eu não expliquei, certo? Bom, nada mais é do que um grupo de voluntários e cães terapeutas que fazem visitas a instituições, como hospitais, asilos, etc. A proposta é de usar o cão como um facilitador do contato com os assistidos, então temos cães que passam por uma avaliação comportamental e veterinária que vão conosco nas visitas e interagem com as crianças, os idosos e quaisquer outros grupos de assistidos que possamos visitar. A idéia parte do pressuposto de que o contato com animais é terapêutico, pode desenvolver habilidades, potencialidades, interação com outros seres, confiança, entre tantas coisas que mal tive acesso ainda, de tanta coisa que é! É possível notar, ao desenrolar de cada visita, a expressão das crianças, a diferença do começo da visita para o final, o bem que esse contato faz para elas. É impressionante. Já imaginou se você estivesse numa sala de espera de hospital e surgissem vários cães que você pudesse brincar, fazer carinho, se divertir? Não tornaria o momento muito mais gostoso e muito menos traumático para aquelas crianças que tem medo de hospital, por exemplo? Sem contar nos benefícios vistos com crianças autistas, por exemplo, que desenvolvem o cuidado com o cachorro, a interação com outro ser vivo, a paciência...
Posso dizer que encontrei um grupo de pessoas e animais incríveis, que estão me tornando uma pessoa melhor e que me fizeram, além de tudo, me aproximar muito mais dos meus animais e assim fazê-los muito mais felizes!

Para finalizar, uma indicação para qualquer um que possa se interessar pelo assunto é o  I Simpósio Internacional de Atividade/Terapia e Educação Assistida por Animais - I SINTAA, que acontecerá de 06 a 09 de setembro de 2012, no Instituto de Psicologia da USP. Eu já fiz a minha inscrição, é super rapidinho e o preço é bacana, acho que vai valer muito a pena não só pelo conteúdo como também pela experiência de estar lá com as pessoas da área.

Escrever para viver

Eu sempre gostei muito de escrever e nos últimos dois dias me aconteceram algumas coisas interessantes relacionadas a isso.
Ontem eu estava no ônibus, com meu incrível celular que misteriosamente resolveu nunca mais desconectar da internet, quando recebo o aviso de um novo e-mail na caixa de entrada. Quando fui ver, era uma das minhas escritoras favoritas comentando sobre um texto meu! Um texto no qual eu citava o blog dela bem porcamente e que ela encontrou justamente por estar procurando textos que falavam sobre ele. Respondi a mensagem empolgada, com aquela euforia de fã tentando parecer discreta.
Mais tarde, num barzinho delicioso que eu descobri recentemente e que estou adorando, estava conversando sobre gramática e tive um momento de reflexão. Parei para pensar e concluí que eu nunca soube regras de gramática, nunca decorei os nomes de nada, nunca soube porque uma vírgula vai aqui ou ali... É bem verdade que às vezes eu confundo "porque" e "por que" ou "isso" e "isto" mas, de maneira geral, sempre me considerei alguém que escreve bem. Então ontem, nesse meu momento de reflexão, eu concluí que não faço a menor idéia de como aprendi a escrever da forma que eu escrevo. Eu simplesmente sabia escrever e inclusive sempre foi bastante difícil para mim entender porque tanta gente tem dificuldade para isso.
Para completar a minha pequena lista de acontecimentos interessantes, hoje eu estava perdida no Facebook aproveitando minha sexta-feira livre quando me deparo com uma atualização de uma amiga indicando o post novo do blog dela. Devo dizer que me senti envergonhada por ter passado tantos meses sem prestigiar os textos incríveis dessa minha grande amiga, porém esse momento no Facebook e no blog dela me fez lembrar, mais uma vez, o quanto eu gosto de escrever.

Voltei aqui para o blog e dei uma olhada em tudo o que já escrevi e, para variar um pouco, tive vergonha de mim mesma e quis apagar tudo o que tinha escrito, achando que meus assuntos eram bobos e meus textos superficiais, mas decidi manter tudo como está, por uma simples razão: cada texto reflete quem eu era no momento em que o escrevi. Tenho vergonha de muitos deles e provavelmente não só continuarei tendo como também terei vergonha deste que estou escrevendo agora, mas quem não tem vergonha de alguma coisa que já foi um dia? E desde quando precisamos ter vergonha de algo que já fomos?
Com esse post confuso e um pouco sem direção, tento novamente voltar a dar as caras por aqui. Espero finalmente conseguir levar adiante e fazer postagens interessantes.


Até breve (espero).